domingo, 23 de agosto de 2009

Sonhos

Desvendando os sonhos
O sonho é o teatro em que o sonhador é simultaneamente a cena, o ator, o oposto, o diretor, o autor e o crítico." (C.G.Jung)
Os sonhos habitam nosso sono, alimentam nossas esperanças e o imaginário popular. Por sua abrangência tão ampla e por abraçar o possível e o impossível, a palavra sonho ganha várias interpretações, de projetos futuros até a guloseimas, mas como surgem esses estranhos filmes que costumam passar todas as noites, quando fechamos os olhos?Há quem lembre com detalhes de seus sonhos, outros acreditam até que nem sonhem por nada lembrarem; há quem sonhem com desconhecidos, figuras estranhas, histórias sem sentido, lugares e situações improváveis... E há sonhos que parecem tão reais que nos dão a nítida impressão de termos vivido. Por mais esquisitos que pareçam, olhar com atenção para as aventuras vividas durante o sono ajuda no autoconhecimento, garante a psicóloga Marisa Catta-Preta. "Tudo que sonhamos tem a ver com a nossa pessoa. O sonho é como a fotografia da alma, ele se expressa por símbolos que representam conteúdos emocionais do sonhador. No sonho a pessoa dialoga com outros personagens que são partes desconhecidas suas. Quando sonhamos, estamos elaborando as angústias e conflitos pessoais, só que isso aparece em uma linguagem altamente simbólica, metafórica, por isso parece incompreensível", afirma.Marisa explica que os sonhos são produzidos pela psique inconsciente e, por isso, aparecem numa linguagem simbólica e desconhecida para nós. "O inconsciente representa a parte de nossa psique que desconhecemos e que é a maior parte de nosso psiquismo, segundo Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço que se dedicou ao estudo de sonhos durante uma vida".Trabalhar a interpretação dos sonhos permite ir direto ao foco do problema, diz a profissional. "Muitas vezes a pessoa, até por defesas naturais, tem dificuldade de verbalizar ou mesmo reconhecer o que está lhe angustiando, mas o sonho pode levar direto aonde inicia sua angústia".Para elaborar sua tese de mestrado em psicologia clínica pelo Núcleo de Estudos Junguianos da PUC de São Paulo, Marisa estudou por três meses um grupo de mulheres insones e concluiu que trabalhar os sonhos pode não acabar com a insônia, mas melhora a qualidade do sono. Ela aferiu isso através de exames de polissonografia no Instituto do Sono de Santos, realizados antes e depois da pesquisa. Nos três meses de trabalho, as mulheres anotaram os sonhos que tiveram durante o sono fragmentado da noite e buscaram interpretá-los, com a ajuda da psicóloga, para entender o que estava incomodando o repouso.
Outras leis
As leis que regem os sonhos são diferentes das leis de nossa vida consciente, em espaço e tempo. Podemos ter um sonho de minutos e ter a impressão de que ele foi demasiadamente longo ou podemos estar no mesmo sonho em mais de um espaço ao mesmo tempo. Todo mundo sonha, garante a psicóloga, mas muitas vezes o conteúdo está no inconsciente e não tem força suficiente para ultrapassar o limiar da consciência, o que leva a pessoa a achar que não sonha. Crianças pequenas também relatam sonhos, mas normalmente seus sonhos trazem conteúdos mais profundos do inconsciente coletivo, que pertencem à humanidade. Com relação aos sonhos premonitórios, Marisa admite que isso representa um mistério para a ciência. "Alguns sonhos premonitórios têm função prospectiva, revelando algo que ainda não se tornou consciente e concreto, mas isso a ciência não consegue explicar. Jung reconheceu sua existência, mas entendeu que eles seguem outras leis, diferentes das de causa e efeito".
Quando o sonho vira pesadelo
Os pesadelos são sonhos ruins que fazem parte de nossas vidas, mas que trazem grandes revelações, por isso devem ser interpretados e aproveitados. "O pesadelo é como um eletrochoque da natureza, é algo muito urgente que a sua psique está enviando e precisa de atenção e análise", explica Marisa Catta-Preta. Sonhar que está tendo um objeto roubado, por exemplo, pode representar algum sentimento de perda ou sensação de ter a vida invadida. Há pessoas que sofrem de pesadelos como decorrência de estresse pós-traumático; "nesse caso, os sonhos são relacionados a esse trauma e repetitivos, para que o indivíduo possa integrar o que aconteceu".
Como recordar
Ter um diário ao lado da cabeceira da cama e anotar os sonhos logo ao acordar é uma boa maneira para não esquecê-los e trabalhar as mensagens por eles enviadas. "Sonhamos sempre e todos os dias, mas nem sempre nos recordamos deles, o que nos dá a impressão de não termos sonhado. Acordar e já partir para as coisas práticas do dia faz com que esqueçamos. O fato de registrarmos nossos sonhos e conversarmos sobre eles irá permitir uma maior atenção ao inconsciente".A ajuda profissional facilita a compreensão dos sonhos com mais clareza, enfatiza Marisa. "O psicólogo treinado ajudará a decodificar essas mensagens oníricas e poderá, através do acompanhamento da série de sonhos e vida pessoal, traduzi-los de forma que façam sentido e sejam úteis ao sonhador".
Mírian Ribeiro

Fonte:www.jornaldaorla.com.br

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