quinta-feira, 21 de março de 2013

O Cérebro precisa de Descanso!!!

Você, caro leitor, tem problemas para se concentrar e sente que é cada vez mais difícil dar conta de todas as tarefas do dia a dia? Experimente cultivar um novo hábito: o de deixar o smartphone de lado, desligar a TV e o computador e deixar seu cérebro descansar e ter devaneios (ou sonhar acordado) à vontade.
A pesquisadora e professora de educação, psicologia e neurociência na Universidade do Sul da Califórnia, Mary Helen Immordino-Yang, escreveu um artigo com outros colegas que trazia um levantamento da literatura científica existente da neurociência e da ciência psicológica explorando o que significa quando o nosso cérebro está ‘em repouso’.

O trabalho foi publicado na edição de julho do periódico “Perspectives on Psychological Science” e aponta que, quando estamos descansando e focados em nosso mundo interior, nosso cérebro entra no chamado “modo padrão” ou “default”. A atividade desse modo default está ligada aos componentes do nosso funcionamento socioemocional, como autoconhecimento, julgamentos morais, desenvolvimento do raciocínio e construção de sentido do mundo que nos rodeia. Falando nisso, outra pesquisa recente, feita na Universidade da Califórnia em Santa Barbara, concluiu que ter devaneios realmente melhora a produtividade e ajuda na resolução de problemas.
Immordino-Yang e seus colegas expressaram preocupação com o fato de que os ambientes urbanos e virtuais (redes sociais cabem muito bem aí) têm exigido demais de nossa atenção. Para eles, isso talvez esteja minando oportunidades de reflexão e pode ter efeitos negativos sobre o nosso desenvolvimento psicológico.
A importância do tempo “ocioso” para o aprendizado e memória
Para Immordino-Yang, a reflexão e o silêncio podem ser muito importantes também para o aprendizado e memória. “O foco para dentro afeta a maneira como construímos memórias e sentidos e o modo como transferimos o que aprendemos para novos contextos”, explica. Ela defende que as escolas incentivem o aluno a se voltar para si mesmo, o que pode ajudar na consolidação do aprendizado em longo prazo. “O equilíbrio é necessário entre a atenção exterior e interior, já que o tempo gasto com a mente vagando, refletindo e imaginando também pode melhorar a qualidade da atenção externa que as crianças podem sustentar”, completa.
Segundo os autores, talvez a conclusão mais importante a ser extraída de pesquisas sobre o cérebro em repouso é o fato de que isso não significa uma ociosidade negativa – pelo contrário, é fundamental para aprendermos com as experiências. Estudos já indicaram que, quando as crianças têm tempo e habilidades necessários para a reflexão, muitas vezes se tornam mais motivadas, menos ansiosas, têm melhor desempenho em testes e passam a planejar o futuro de forma mais eficaz.

por:Ana Carolina Prado - super.abril.com

Desabafar é bom

O alívio de falar de si mesmo está relacionado a ativação de estruturas cerebrais de recompensa
Ah, como é bom ter para quem contar as coisas. Outro dia cheguei em casa com fumacinhas saindo da cabeça, tamanha minha irritação com questões variadas no trabalho, que vim remoendo no caminho. Se meu marido não estivesse em casa, eu teria continuado insistindo mentalmente no assunto por um bom tempo, e só me irritando mais.
Mas não: ele estava aqui, e me ofereceu seus ouvidos e comiseração. Era tudo de que eu precisava: uma oportunidade para meu cérebro finalmente executar o longo programa motor que ele vinha montando havia horas, desfiando e revisando minhas misérias do dia, e botar tudo para fora, em palavras, para então poder sossegar.
Por isso segurar um segredo dá tanto trabalho – e por isso contar é tão bom. Preocupações, assim como segredos, são representações mentais angustiantes, aflitivas, que levam à ativação de uma estrutura do cérebro especializada em antecipar problemas, o córtex cingulado anterior. Ativado, ele, por sua vez, dispara uma série de alarmes, parte da resposta ao estresse da preocupação, que deixam tanto corpo como cérebro tensos. Além disso, já que o cérebro sabe colocar seus pensamentos em palavras, ficamos remoendo a preocupação ou o segredo, ensaiando mentalmente sua versão motora, produzida pela boca. Mas, sem ter com quem desabafar, ou para quem contar, esse programa motor fica só na vontade, e não sai. E assim tem-se um cérebro cada vez mais aflito, que tem de fazer força cognitiva, atenta, para segurar ativamente suas palavras.
Por isso colocar tudo para fora é tão bom: assim o programa motor tão ensaiado é executado e não precisa mais ser segurado pelo seu córtex pré-frontal; assim o cingulado anterior pode soltar um “Ufa!” e desligar os alarmes que ajudavam o resto do cérebro a manter o controle.
Essa é uma das razões pelas quais a psicoterapia pode ser tão boa: o simples desabafo. Claro, amigos, parentes, padres, e às vezes até a pobre da pessoa sentada ao seu lado esperando o ônibus também servem quando tudo o que se precisa é uma oportunidade para despejar as preocupações em palavras.
Falar da gente mesmo é muito bom. Um estudo recente da Universidade Harvard mostrou que, tendo opção entre responder perguntas sobre os gostos e hábitos dos outros, sobre simples fatos, ou sobre si mesmos, os participantes preferiam falar do próprio umbigo – e até pagavam para escolher esta alternativa, e de dentro de um aparelho de ressonância magnética, onde só os pesquisadores viam suas respostas. A preferência por falar de si mesmo está relacionada a uma maior ativação das estruturas do sistema de recompensa, o que gera prazer.
Funciona mesmo quando segredo completo é garantido. Mas, seres sociais que somos, a ativação do sistema de recompensa é especialmente alta quando os voluntários sabem que suas respostas serão ouvidas pelo acompanhante que eles levaram para o estudo. Falar de si é bom, mas falar de si para os outros é melhor ainda.
Não é à toa, portanto, que a liberdade de expressão pessoal e de opinião é altamente valorizada. Não se trata apenas de um construto social ou cultural: o prazer de expressar seus próprios pensamentos e estado de espírito é real, mensurável, e vem lá dos cafundós do cérebro. E quando os próprios pensamentos são aflitivos, o desabafo ainda é um alívio só.
Uma ressalva, contudo: pelas mesmas razões, ficar revisitando e remoendo um mesmo problema meses a fio, ao longo de sessões e mais sessões de terapia, muitas vezes é um tiro no pé. É preciso saber deixar o problema ir embora. (05/02/2013).
por: menteecerebro.com.br