Se nos tornamos dependentes das mudanças, e tentamos mudar coisas em nossas
vidas antes de elas estarem prontas para isso, então estamos lutando em uma
batalha perdida. De forma semelhante, se ficamos presos em conservar as coisas
como estão, resistentes a toda e qualquer mudança em nossa vida, a batalha se
mostra igualmente difícil e despropositada. Por outro lado, se aprendemos a
aceitar o que está acontecendo, sem nos identificarmos com a necessidade de
mudar ou manter as coisas, começa a ser criado um espaço em nossa vida para as
coisas mudarem ou não, de acordo com as nossas reais necessidades.
Há duas energias arquetípicas primárias da vida, a mudança e a
manutenção. Ambas são igualmente necessárias e ambas são partes de uma
polaridade dinâmica com a qual podemos ou não cooperar. Quando aceitamos
qualquer uma dessas, essas energias conseguem se manifestar de uma forma
relativamente pura. Assim, a mudança pode ser considerada em termos de
progresso, evolução, transformação e libertação. A manutenção, quando manifesta
em seu estado cristalino, transmite eternidade, ritmo, paciência e a sensação de
eternidade.
Quando resistimos e lutamos contra qualquer uma delas, mudança ou manutenção,
e não aceitamos as coisas como são, então essas energias começam a se manifestar
de uma forma distorcida. Nesse caso, as mudanças podem ser despropositadas,
levando ao dispêndio de nossa energia, ficamos insensíveis às nossas
necessidades e às necessidades alheias. Tomamo-nos destrutivos e não
reconhecemos nossos limites com clareza. A manutenção, quando distorcida, leva à
inércia e à indolência, à obstinação, à inflexibilidade, à covardia e ao medo do
desconhecido, estrangula o fluxo natural da energia da vida.
Não é preciso dizer que há necessidade tanto das mudanças como da
manutenção em nossa vida. Quando falamos sobre aceitação das coisas como
elas são, permitindo que essas duas polaridades se manifestem em nossa vida, não
significa que temos que aceitar cegamente algum tipo de destino predeterminado,
nem que devemos nos tornar vítimas das circunstâncias. Pelo contrário, quando
aprendemos a reconhecer o valor da verdadeira aceitação interior, essa
conduta liberta nossa energia de modo que podemos mudar ou não uma certa
situação, de acordo com o que é melhor para nós num determinado conjunto de
circunstâncias. Claro, nem sempre é assim tão fácil, mas devemos procurar o
nosso equilíbrio sem excluirmos nem a mudança nem a manutenção, buscando o que
há de melhor nas duas.
Tudo muda o tempo todo. Essa é uma verdade fundamental da vida. Se
estivéssemos prontos para aceitar essa "verdade", então não sentiríamos tanto
medo e insegurança diante dos acontecimentos que parecem mudar rapidamente
demais, nem perante situações aparentemente estagnadas. Como tudo muda, podemos
perceber que essas coisas – sejam elas o que forem – também passarão. Às vezes,
temos a sensação de que estamos presos e amarrados a uma relação que já não nos
satisfaz – mas, lembre-se, tudo pode se modificar. Outras vezes, passamos por
períodos de solidão porque não encontramos um bom relacionamento - mas,
lembre-se, tudo pode se modificar. Podemos nos harmonizar com o fluxo natural da
vida e aceitar as coisas como elas são. Só assim conseguimos compreender
claramente as idas e vindas dos acontecimentos.
Tudo isso está muito bem, mas o grande problema é que a maioria das pessoas
geralmente estão excessivamente apegadas ou identificadas com o desejo de
mudança ou de estabilidade. Supondo que o seu relacionamento afetivo seja
incrivelmente satisfatório - bem, certamente você não quer que isso se
modifique, mas, se tentar manter as coisas exatamente como estão, não permitirá
que a relação cresça e se modifique no seu ritmo natural e, por isso, ela logo
se tornará estéril e inflexível. E, devido à estabilidade forçada, não será de
qualquer maneira a mesma relação de antes. Provavelmente, essa estabilidade
forçada acabará provocando modificações, contrariando tudo que você sempre
planejou para esse relacionamento. Ou, quem sabe, você ainda não tenha
conseguido desenvolver uma relação duradoura, e o seu desejo de mudar essa
situação é tão intenso, que você está preso e vinculado à idéia de arranjar um
parceiro, ao ponto de não conseguir pensar em outra coisa. Está tão apegado ao
seu desejo que, ao surgir qualquer oportunidade, você tenta iniciar um novo
relacionamento e faz de tudo para ele dar certo. Geralmente, as pessoas que se
comportam dessa maneira são tão insistentes que as coisas simplesmente não
acontecem, ou, quando acontecem, não duram. Novamente, o apego excessivo o deixa
à deriva, e a vida, mais uma vez, "não deu certo"!
Contudo, quando abandonamos nossa insistência em mudar, ou manter, uma
determinada situação, começamos a ver a situação como ela realmente é. Com esta
nova visão de como a coisa é, torna-se possível escolher se devemos mudá-la ou
não. Mas essa aceitação verdadeira tem que ser realmente sentida, realmente
vivida, não pode ser apenas uma postura intelectual. Assim, quando a aceitação
passa a ser vivenciada dessa maneira, as transformações têm espaço para
acontecer.
Quando a dinâmica da vida é aceita conforme foi exposto acima, sem
simplesmente nos resignarmos às circunstâncias, sempre tentando determinar
nossas escolhas ativa e conscientemente, estamos mais aptos a compreender o
significado interior dos acontecimentos. Quando aceitamos um fato, passamos a
perceber mais claramente qual é a sua finalidade, por que as coisas são do jeito
que são. Aí, adquirimos o direito de escolha, podemos determinar se deixaremos
as coisas acontecerem ou se lutaremos contra a sua evolução de um modo mais
impositivo.
Jamais conseguiremos nos livrar totalmente das experiências indesejáveis em
nossa vida, portanto é melhor sabermos como aceitá-las. Na realidade, é muito
comum as coisas piorarem quando tentamos lutar desesperadamente contra elas. Por
outro lado, a aceitação da vida como ela é inclui dor, sofrimento e fracasso,
experiências desagradáveis e momentos em que temos que tomar certas atitudes que
nem sempre são exatamente o que gostaríamos de fazer. Aprendemos a controlar
nossas energias e podemos usá-las a nosso favor em vez de utilizá-las contra nós
mesmos. Por exemplo, se aceitamos que estamos passando por uma fase depressiva,
temos muito mais condições de lidar com esse problema do que quando não
aceitamos e tentamos ignorar a situação.
Nem sempre é possível modificar as condições externas, mas sempre podemos
trabalhar as condições internas. Pode parecer paradoxal se nos apenas pensarmos
nisto. Entretanto, quando começamos a agir sobre o problema, percebemos que
sempre temos à disposição um meio de provocar modificações que é um ato de
aceitação. Quando aceitamos as coisas como elas são, estamos abertos ao
aprendizado. Se compreendida desta maneira, a aceitação passa a ser um dos
melhores instrumentos de transformação.
Se pensarmos em uma experiência recente que tenha nos proporcionado muito
prazer e alegria, recordando de todos os detalhes dessa experiência, os fatos
agradáveis, quaisquer que tenham sido, ressurgirão em nossa consciência,
trazendo com eles a sensação do prazer vivido naqueles momentos. É possível
reviver experiências agradáveis, senti-las como se ainda estivessem acontecendo.
Isso é saudável, algo que nos dá prazer e nos faz sentir bem. Contudo, podem
surgir alguns problemas se ficarmos excessivamente apegados e presos às
sensações de um determinado momento, ao ponto de só pensarmos nisso e de
empregarmos todas as nossas energias tentando fazer as coisas acontecerem
novamente.
Por outro lado, se nos recordamos de uma experiência "desagradável",
acontecimentos que não nos provocaram bons sentimentos, e ficamos algum tempo
revivendo todas as sensações, emoções e pensamentos que estão associados àquele
momento, da mesma maneira podemos achar que essa experiência ainda está
acontecendo. Esse tipo de comportamento também pode ser muito saudável, porque,
embora não desejemos reviver momentos angustiantes e desagradáveis, se
conseguirmos repensá-los isso nos ajudará a resolver os problemas associados a
esse tipo de situação.
Tanto as experiências aparentemente positivas quanto as aparentemente
negativas podem ser de grande valor. Na verdade, o que aprendemos com as
experiências supostamente "desagradáveis" é que vai nos ajudar a crescer e a
amadurecer, tornando-nos capazes de expressar o que realmente somos e o que
realmente desejamos da vida. Para mergulhar verdadeiramente nas profundezas do
nosso passado, trazendo à superfície experiências angustiantes e traumáticas,
precisamos do acompanhamento de um bom psicoterapeuta ou guia, capaz de nos
orientar ao longo desse processo. Mas com a simples aceitação desses dois
tipos de experiência, passamos a ser pessoas mais completas, mais aptas a
encarar o nosso futuro, qualquer que seja ele.
O poder de aceitar e mudar
Podemos usar o poder de nossa vontade e imaginação para provocar mudanças, ou
para aceitar as coisas como elas são. Para qualquer uma dessas alternativas,
precisamos ter a vontade para que elas aconteçam, seja através das mudanças
provocadas ativamente ou através de um comportamento passivo que permite o
desenrolar natural dos fatos. Também precisamos da nossa capacidade imaginativa
para criarmos os novos ambientes que desejamos ou para mudarmos os velhos
padrões do passado. Já aprendemos a utilizar esses poderes nos capítulos
anteriores deste livro [o livro citado sendo "Psychosynthesis - The Elements and
Beyond"]. Esses poderes são às vezes descritos como os poderes que nos tornam
aptos a realizar mudanças da maneira que nos queremos. Mas também são esses
poderes que nos ajudam a aceitar os momentos em que a atitude mais correta é não
mudar as coisas.
Para isso tudo funcionar de maneira eficiente, também precisamos dos poderes
do amor e da consciência. Sem a consciência, como saberíamos se nossas escolhas
são "certas" ou não? Sem amor, como podemos ter certeza de que estamos fazendo a
escolha mais "acertada", de acordo com as necessidades e energias das outras
pessoas? Essas quatro energias - amor, consciência, vontade e imaginação
- nos acompanham constantemente no decorrer de nossa vida, auxiliando-nos a
realizar as ações que desejamos e que estão de acordo com a evolução da
consciência planetária.
Essas energias se tornam particularmente importantes para nós quando
atravessamos momentos de sofrimento, crise ou fracasso em nossa vida. São essas
experiências que frequentemente nos levam a buscar a orientação de um
psicoterapeuta especializado em psicossíntese ou outro tipo de terapeuta ou
conselheiro. Na psicossíntese não tentamos "encobrir" a dor, dispersar a
crise, nem ignorar o fracasso. Pelo contrário, reconhecemos o valor de tais
experiências. É frequentemente com a aceitação do sofrimento, em todos os
seus disfarces, que conseguimos conhecer um pouco mais sobre nós mesmos e
liberar as energias criativas.
Todos já passaram pela experiência do fracasso em alguma ocasião de sua vida.
Muitas pessoas fracassam com tanta freqüência que começam a se considerar o
"fracasso em pessoa”. Nesse caso, é como se o fracasso as tivesse possuído em
vez de elas apenas terem vivido uma experiência fracassada! Um indivíduo nessas
circunstâncias já não consegue dizer "passei por uma determinada experiência e
fracassei", mas os fatos passados assumem o controle e é mais provável que essa
pessoa diga "eu sou um fracasso".
Quando passamos por uma situação em que fracassamos, ela pode causar a queda
da nossa energia potencial. Por exemplo, podemos estar atravessando um período
em que sentimos raiva, amargura e decepção. Não há nada de errado em ter esse
tipo de sentimento, mas também é muito importante saber reconhecer o momento em
que estamos preparados para prosseguir. Porém, isso só acontece quando deixamos
o potencial criativo fluir novamente. Podemos dar o primeiro passo para nos
libertarmos desse problema se simplesmente aceitarmos o fracasso emocional
resultante.
Uma das técnicas mais eficientes para fazer isso chama-se “a consagração
do obstáculo”. Para aceitarmos o fracasso, consagramos, abençoamos
conscientemente o que quer que nos tenha impedido de atingir o sucesso. Depois
de fazer isso, que não deve ser apenas uma "afirmação de boca", mas uma atitude
real e completamente assumida, estamos prontos para seguir adiante.
Ao considerarmos tudo o que aprendemos com nosso aparente "fracasso", a idéia
de "consagração de um obstáculo" já não nos parecerá tão estranha. É algo
semelhante a amar os seus inimigos. Por exemplo, um fracasso nos dá a
oportunidade de tentar de novo, só que dessa vez faremos as coisas muito melhor.
Caso a situação em que fracassamos não possa se repetir por algum motivo, com a
consagração do obstáculo podemos concluir que aquilo não era mesmo para ter
acontecido. Assim não ficamos subordinados a algum tipo de destino impessoal e
tomamos uma atitude de controle consciente, aprendemos a tomar nossas próprias
decisões.
Tudo que fazemos em nossa vida, estejamos ou não conscientes disto, nós
decidimos. Mesmo que essa afirmação não seja realmente uma "verdade", não há
nada que conteste a sua veracidade. Se temos o poder de decidir nossa própria
vida, quando as coisas não acontecem conforme desejamos, também devemos ter
decidido algo sobre isso. Pode ser difícil aceitar e assimilar esse conceito a
nível consciente, já que não estamos conscientes da atuação desse processo e
devido ao fato de algumas subpersonalidades até insistirem na preservação dos
vínculos com o sofrimento e o fracasso. Mas a Psicossíntese acredita que o eu
interior, ou alma, sempre determina tudo que acontece conosco no decorrer de
nossa existência.
Quando aprendemos a nos entregar ao sofrimento e ao fracasso, em vez de
mergulharmos nele, sendo esmagados pela experiência, descobrimos que conseguimos
superá-lo muito mais rapidamennte. Mas o primeiro estágio tem que ser a entrega
à experiência, ao desenvolvimento completo dos acontecimentos. Isso é mais fácil
dizer do que fazer, é claro, mas quando aprendemos a proceder dessa maneira,
podemos escolher conscientemente de prosseguir. Então, em vez de ser vítima
do sofrimento ou fracasso, temos sempre a possibilidade de nos perguntarmos:
O que há de bom em tudo isso? O que posso aprender com essa situação?
As crises que enfrentamos na vida, embora não consigamos ver isto com muita
clareza no momento em que ocorre uma crise, servem como impulsos genuínos que
nos elevam a uma nova fase de desenvolvimento. As crises ocorrem habitualmente
quando ainda estamos presos a um tipo de comportamento ou de crença
ultrapassados, que deixaram de ser realmente úteis para nós e dos quais seria
melhor se libertar. Geralmente, uma espécie de medo não nos deixa fazer isso.
Então, começa a existir um acúmulo de energia e, se continuamos resistentes à
mudança, entramos numa crise. É como se a crise, ou pelo menos sua energia, se
originasse no superconsciente e de repente "batesse à porta" da personalidade.
Podemos abrir ou resistir, e quanto mais resistimos, maior a quantidade de
energia acumulada, até que, por fim, a porta é arrombada e acaba se abrindo de
qualquer maneira. Assim surgem as crises.
Qualquer nova energia que tente emergir a nível consciente tem que ser
primeiramente aceita e, depois, enraizada e expressada. Frequentemente, evitamos
fazer isso porque sentimos medo. Podemos até não aprovar a situação em que
estamos, mas preferimos encarar o diabo, que já é nosso conhecido, do que
assumir o risco de explorar o desconhecido. Criamos bloqueios que impedem a
manifestação dessas novas energias emergentes, bloqueios que nada mais são do
que o medo da mudança. Logo, a energia gerada durante um processo de crise é, na
realidade, nossa energia de sobrevivência que se caracteriza como resistência a
uma nova experiência. Só quando nos aprofundamos o suficiente no processo é que
percebemos que a nossa sobrevivência requer a mudança. Aí, conseguimos aceitar a
nova situação e prosseguimos.
Frequentemente, o aspecto mais importante deste trabalho não é o que está
acontecendo, mas nossas reações aos acontecimentos - portanto, pare e enfrente,
seja lá o que for. Ao mesmo tempo, procure se desidentificar da situação para
obter uma melhor perspectiva e uma noção da proporção exata de seus problemas.
Avalie tanto os sucessos quanto os fracassos pelo que eles são - eventos que
participam do seu desenvolvimento. Procure adquirir uma noção de perspectiva e
proporção ao considerá-las; sempre perguntando a si mesmo: Quais são as minhas
opções? Como posso fazer uso dessa situação para ampliar meu potencial criativo?
A transformação da energia
Se não aceitamos o sofrimento, os fracassos e as crises que enfrentamos ao
longo da vida, frequentemente acabamos acumulando uma quantidade de energia que
pode chegar a ser descarregada de maneira errada. Podemos nos tornar
extremamente agressivos, por exemplo, e explodir por qualquer coisa, de maneira
totalmente desproporcional ao que está realmente acontecendo. Ou nossas
inseguranças, agressão e sofrimento podem ser projetados em outras pessoas,
especialmente nos membros da familia, amigos e colegas de trabalho.
Todos nos temos a tendência, nesse tipo de circunstâncias, de projetar nos
outros nossas próprias atitudes, impulsos e sentimentos. Por exemplo, se nos
sentimos hostis com relação a alguém, é comum projetarmos a hostilidade que
sentimos nessa pessoa e acharmos que ela é quem é agressiva conosco, nunca somos
nós os responsáveis. Em conseqüência, ficamos na defensiva e nos sentimos
ameaçados. Inicia-se um círculo vicioso. Se conseguirmos perceber que isso está
acontecendo, devemos nos esforçar para "reassumir a projeção".
Temos que aceitar a verdade básica da vida de que tudo depende das nossas
atitudes e determinações. Se somos agressivos com uma certa pessoa, ou se
achamos (correta ou incorretamente) que alguém é agressivo conosco, o único
jeito de mudarmos essa situação é através da nossa própria mudança. Temos que
perceber que a nossa vontade é livre e que podemos decidir ser o que somos sem
ter que fazer exigências e imposições a outras pessoas, sem projetar nossos
"grilos" sobre elas. Só assim conquistamos liberdade para nos relacionarmos com
essas pessoas de uma maneira mais harmoniosa, mais centrada. Quando procedemos
dessa forma, observamos frequentemente que a situação se modifica e o conflito é
resolvido.
A eficiência desse método pode ser surpreendente. Por exemplo, às vezes,
tudo o que precisamos fazer é compartilhar o que estamos sentindo com as outras
pessoas envolvidas. Se somos honestos e expressamos livremente os medos,
sentimentos e pensamentos que nutrimos a respeito do conflito ou problema,
constatamos que a energia se tranforma. De repente, já somos amigos outra vez,
dividindo o compromisso comum de todos os seres humanos - ser sozinho e
individual em essência e, simultaneamente, conectado a tudo e a todos. Esses
momentos de verdadeira realização espiritual, que podem advir dos gestos mais
simples, como falar sobre os nossos sentimentos, têm o poder de enriquecer e
transformar nossa vida.
O mais importante disso tudo é constatarmos que existe um meio saudável de
descarregarmos as energias acumuladas. É o mesmo no caso de uma agressão física.
Não é necessário dar meia-volta e ir à casa do indivíduo tomar satisfações, por
exemplo, e se atracar com ele - podemos descarregar toda essa maldita raiva em
uma almofada. A satisfação gerada por esse ato, associada à real descarga de
energia física, ilumina nossa consciência e nos estimula a prosseguir com
escolhas mais claras e maior noção do que somos e fazemos.
Exercício: A consagração do obstáculo
Escolha um lugar onde você possa se sentar e ficar completamente relaxado,
mas não a ponto de cair no sono. Respire profundamente e procure se centralizar,
da forma que achar melhor.
Procure se lembrar de um momento recente que lhe tenha provocado sofrimento
ou fracasso. Considere essa experiência profundamente, recorde-se dela com todos
os seus detalhes, todos os pensamentos, sentimentos e sensações que isso tudo
lhe causou. Permita-se realmente reviver o sofrimento associado a essa
experiência.
Agora, imagine-se saindo desse quadro mental. Observe todos esses elementos
de fora. Diga em voz alta: "Abençôo esse medo (ou qualquer outra coisa que tenha
representado o sofrimento ou fracasso experimentados)".
Continue analisando os componentes dessa experiência, como se você fosse um
observador desligado do sofrimento, fracasso, etc. Reafirme a sua consagração,
em voz alta, mais algumas vezes. Enquanto faz isso, veja e sinta a memória dessa
experiência se modificar. As circunstâncias se tornam mais leves e você está bem
menos ligado a esses acontecimentos passados.
Conscientize-se de tudo que aprendeu ao executar o exercício proposto acima.
Agora, você está livre e desimpedido, tome a decisão de prosseguir.
Will Parfitt
O artigo acima foi extraído do livro "Psychosynthesis – The Elements and
Beyond” de Will Parfitt, Ed. PS Avalon, Glastonbury, Inglaterra – 2003. Veja
também o livro em português “Elementos da Psicossíntese" de Will Parfitt, Ed.
Ediouro, Rio de Janeiro - 1990
Por: http://www.psicossintese.org.br
(#) Will Parfitt é Escritor,
Psicoterapeuta, Cabalista. Concluiu sua especialização em psicossíntese em 1981,
e possui grande experiência em outros métodos de auto-realização. Realiza
workshops e seminários de treinamento nos aspectos práticos da psicologia
esotérica e transpessoal, além de exercer a psicoterapia clínica. Veja também www.willparfitt.com.
Por: http://www.psicossintese.org.br