terça-feira, 23 de março de 2010

Emoções e sua Importância para Saúde!

O impacto das emoções na saúde está sendo cada vez mais estudado pelos médicos, apesar de não ser novidade. O grego Hipócrates, considerado o Pai da Medicina, já sabia no século IV a.C do que elas eram capazes.
Mas foi só a partir da metade do século XX que a medicina ocidental começou a perceber que a ligação entre sentimentos negativos e doenças não é mera coincidência. Da mesma forma, a alegria e o otimismo são traços marcantes de pacientes saudáveis ou que se recuperam dos problemas de saúde com rapidez. Mas não dá para afirmar que as emoções são responsáveis por todos os males. Fatores genéticos, hereditários e ambientais exercem sua influência no surgimento das doenças. Porém, a cada dia que passa, os profissionais admitem que a dobradinha psiquismo e emoções tem grande importância nessa história.

São tantas emoções
Qualquer vivência que experimentamos, por menor que seja, acarreta uma mudança tanto no corpo quanto na mente. Em alguns problemas de saúde, o fator psíquico é o mais preponderante, enquanto em outros quem manda é o organismo. Porém corpo e mente estão juntos e interagindo o tempo todo. "O emocional está presente em todas as doenças", a desesperança e o desafeto tanto com os outros quanto consigo próprio fazem um mal danado à saúde. Mas, entre tantas emoções, a raiva é uma das mais daninhas. Isso também vale para o ódio, a fúria, a agressividade e o ressentimento, todos parentes próximos dela.

Mas é bom deixar claro que ninguém vai infartar porque teve um rápido ataque de ódio contra o chefe por ele ter criticado o trabalho na frente de todo mundo. O que prejudica é ficar remoendo a raiva por dias, meses ou até anos. Esse tipo de atitude age como veneno no organismo. "Perigoso é o indivíduo permanentemente tenso, ansioso, angustiado, pronto para uma batalha que nunca se concretiza. Esse estado emocional desgasta as artérias e faz a pressão subir, comprometendo o coração, além de responder por uma série de outras doenças.O cardiologista Roque Savioli, do Instituto do Coração do Hospital de Clínicas de São Paulo, acrescenta que recentes estudos demonstram a importância das emoções na origem das doenças cardiovasculares. Uma das pesquisas, conhecida como Interheart, realizada com 30 mil pessoas de 52 países, ratificou que tabagismo, colesterol e triglicérides elevados, hipertensão arterial e diabetes são, sim, fatores de risco para a ocorrência de infarto. Mas o estudo também apontou para a grande importância dos elementos psicossociais como estopim para os ataques cardíacos. "Nesse trabalho, depressão, hostilidade e ansiedade estão qualificadas como agentes de risco cardiovascular", afirma o dr. Savioli.

Conhecimento milenar
Esses dados também não são novidades para os adeptos da Medicina Tradicional Chinesa. O médico e acupunturista Marcius Mattos Ribeiro Luz, mestre pela Unifesp, explica que os chineses acreditam que 90% das doenças têm origem emocional. Os 10% restantes seriam causados por excessos, tanto das pessoas quanto do ambiente. "Quanto mais as emoções abalam a pessoa, menos energia ela tem", resume. De acordo com a Medicina Chinesa, as emoções que regem o funcionamento dos órgãos e a energia vital são cinco. A raiva mexe com o fígado e pode provocar problemas digestivos e metabólicos. O coração, atingido pela ansiedade constante, está sujeito a problemas fulminantes, como ataques cardíacos, segundo o acupunturista. Os rins, ligados ao medo, podem vir a sofrer de insuficiência por causa dessa emoção. "Já os pulmões tornam-se frágeis quando a tristeza é grande", explica o dr. Marcius. Por isso certas expressões comuns no dia a dia, tais como o sujeito ficou verde de raiva ou fiquei com gosto amargo na boca de tanta raiva estão carregadas de sabedoria. Para os chineses, como a raiva está diretamente ligada ao fígado, que, por sua vez, produz a bílis, secreção de cor esverdeada e gosto amargo, uma pessoa sente-se realmente dessa maneira quando se deixa levar por emoção tão perigosa.

O médico e acupunturista
Marcius Mattos Ribeiro Luz,
mestre pela Unifesp, explica
que os chineses acreditam
que 90% das doenças têm
origem emocional.

Visão ocidental
A medicina ocidental, apesar de ter outra visão das doenças, também reconhece a influência das emoções sobre a saúde. A dermatologista Marisa Gonzaga concorda que certos problemas, como vitiligo, psoríase e alopecia areata, podem ser desencadeados por problemas emocionais, da mesma maneira que as dermatites seborreicas e atópicas tendem a piorar por stress. "Porém, para que surjam, é necessário que o indivíduo tenha uma pré-disposição para esse tipo de doença.
Como a pele e o sistema nervoso central têm a mesma origem embrionária, há uma estreita relação entre o stress e os problemas dermatológicos", completa. Mas, se alguém ficar diabético após uma mágoa profunda, tudo indica que o pâncreas, nesse caso, foi o mais atingido. "Como se fosse o elo fraco de uma corrente que, quando tracionado com mais força, acaba por romper", compara o homeopata Celso Battello. Em outro indivíduo, o elo frágil pode ser o estômago, provocando uma úlcera. "Tudo indica que a menor resistência do órgão de choque tem origem genética familiar, na maioria dos casos", afirma.
Em algumas doenças, a condição emocional parece ter um peso maior como fator de risco. É o caso de asma brônquica, úlcera gástrica, artrite reumatoide, retocolite ulcerativa, neurodermatose, tireotoxicose e hipertensão essencial, segundo a psicóloga Cacilda Fernandes Maciel Nascimento, da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática. A influência das emoções pode estar por trás inclusive de doenças causadas por vírus e bactérias. A tristeza e a depressão, segundo os profissionais, costumam comprometer o sistema imunológico, que fica desarmado para combater os ataques dos invasores.

A difícil arte de falar
Culturalmente, aprendemos a não confessar aos outros o que sentimos, pois comentar erros e fracassos é visto como sinal de insegurança. Poucos sabem, porém, que as pessoas mais seguras e confiantes são as que não têm receio de falar sobre seus temores e falhas. Em seu livro, o cardiologista Marco Dias dá a receita para quem tem dificuldade em dividir sua angústia com alguém: "Chorar – e chorar tão convulsivamente quanto possível – é um dos mais eficazes meios para restabelecer o equilíbrio interior quando abalado pela tristeza, pela cólera, pela dor e até, às vezes, pela alegria e pelo amor". Sim, porque precisamos também expressar as emoções positivas se queremos ser saudáveis, completa o cardiologista.

A pressão emocional existe para todos, porém o que faz a diferença é como cada um administra suas dores. "O desgosto expressado por meio de lágrimas e gemidos é rapidamente esquecido, enquanto o sofrimento mudo, que remói o coração, termina por abatê-lo", escreveu o cardiologista Marco Aurélio Dias da Silva em seu livro Quem Ama Não Adoece. "Quando o sofrimento não pode se expressar pelas lágrimas, ele faz chorar os outros órgãos", concorda a psicóloga Cacilda Maciel. Ou seja, a incapacidade de expressar e vivenciar os sentimentos é que faz mal à saúde. O remédio, então, é demonstrar o que sentimos, seja falando, chorando, escrevendo no diário ou usando qualquer outra forma de manifestação das emoções. De acordo com os especialistas, a tristeza compartilhada ou a dor revelada diminuem as tensões geradas pelas perdas e angústias. Mas isso não significa que você deva sair aos tapas com o motorista que lhe deu uma fechada no trânsito-sito ou chutar o pau da barraca sempre que for contrariado. Quem briga por qualquer coisa também faz o corpo pagar por isso. É o que garante o cardiologista Roque Savioli: "Está comprovado que, quanto mais curto for o pavio do sujeito, mais perto ele estará da doença cardiovascular, embora a crença pregue o contrário". Segundo ele, relevar as atitudes alheias é o melhor remédio. "Pessoas com capacidade de perdoar têm menor risco de adoecer", acrescenta.

Consultoria: Celso Battello, médico homeopata, nutrologista e ortomolecular (www.battello.med.br); Roque Savioli, cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) (www.roquesavioli.com.br); Marisa Gonzaga Cunha, dermatologista de Santo André; Marcius Mattos Ribeiro Luz, médico e acupunturista de São Paulo; Cacilda Fernandes Maciel Nascimento, psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (www.psicossomatica.org,br); Mario Alfredo De Marco, psicanalista e professor associado da Universidade Federal de São Paulo e autor do livro A Face Humana da Medicina; e o livro Quem Ama não Adoece, de Marco Aurélio Dias da Silva (editora Best Seller). Revista Coop/Março por: Ivanilde Sitta

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